sábado, 13 de março de 2010

O ÓDIO CEGA


Não é segredo para ninguém, muito menos para o visado, que as bases do PSD sempre detestaram o Dr. Pacheco Pereira, apenas o suportando em favor da sua penduração mediática. Ontem mais do que hoje, é certo, e amanhã redobradamente, penso eu, como consequência das vicissitudes das suas goradas estratégias de condução dos destinos do seu partido e do país.
Todavia - e ressalve-se que nunca votei PSD - vem de um tempo longo a minha atenção aos escritos de PP, tendo-me habituado a ter apreço pelas suas opiniões, mesmo quando a minha opinião era diametralmente oposta.
Acontece que, paulatinamente, o descambar da prosa pereirista para a mais estrita estratégia partidária, diminuída ainda por cima pelos maiores desconchavos que só o seu ódio de estimação a Sócrates explicam, mas a razão deplora, tornam quanto vem debitando irrelevante e insalubre.
Assim, talvez fosse aconselhável, como mero exercício catártico, o Dr Pacheco imaginar o que diria de Ferreira Leite se ela fosse a líder do PS e o que mais diria estando ela no lugar em que está o Sócrates. Depois deste exercício, poderia reflectir no paradoxo de ter escolhido Rangel para seu pião de revanche, quando os traços comportamentais deste o fazem alma gémea daquele que mais odeia: Sócrates.
A facada de Rangel em Aguiar Branco não será parecida com a de Sócrates em Alegre, nas últimas presidenciais?
Não são Sócrates e Rangel useiros e vezeiros em verdades de geometria variável?
Que pena, perder-se um bom analista e nem sequer se ganhar um sofrível conspirador.
Não há dúvida de que o ódio cega.
ABDUL CADRE