sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

EIXO DO MAL

 

Ter de quando em vez opiniões desconchavadas, vá que não vá, é da natureza humana, mas militar no desconchavo é bizarria. O moderador do programa devia ter sempre à mão um ambientador, mesmo que comprado na loja do chinês, para fazer fistfist às redundâncias redondas redondinhas circulares e extensas jorradas como sentenças urbi et orbi, todavia raramente interessantes. Ó Dona Clara, não há pachorra.

Vontade de ter razão todos nós temos, mas nem todos têm vaidade suficiente para a insistência na inconsistência. Schopenhauer escreveu a propósito um belíssimo ensaio, publicado postumamente, «A Arte de Vencer uma Discussão Sem precisar de ter Razão», obra que talvez fosse útil à Pluma Caprichosa ter na mesa de cabeceira. Todavia, penso que a filosofia que mais falta lhe faz é a de «Prognósticos só no Fim do Jogo», criada pelo filósofo plebeu e não académico João Pinto, ex-profissional de futebol. Sei perfeitamente que futebol e futebolistas não são do campeonato da Dona Clara, que será mais da canasta, dos guardians e quejandos e que o dito cujo não é inglês nem americano, será Claramente duma casta desprimorada, mas que se lhe há de fazer, temos de viver com aquilo que temos, não é?

Mas vejamos: a Dona Clara, em 27 de Janeiro, dizia «Costa sua de pânico porque sabe que pode estar a pouco tempo de perder tudo», mas quatro dias depois, em 31 de Janeiro, sentenciava com a sua proverbial pesporrência: «a maioria absoluta era inevitável». Está a ver, está a ver, devia prestar mais atenção à plebe, realmente, prognósticos só no fim do jogo.

O mais sensato interveniente no programa, Pedro Marques Lopes, anda a perder o Eixo. Aquela de dizer que o Canadá é o maior país do mundo não lembra ao careca, como diria o tal que ele tanto aprecia e elege. Objectiva e irrefutavelmente não é. O maior país do mundo em extensão é a Rússia, o Canadá pouco passa de metade. Ou seja, a diferença é tal que não dá para ignorar.