sábado, 7 de dezembro de 2019

PARA DEIXARMOS DE ARMAR AOS CÁGADOS

A NET tem muito de positivo para quem é positivo e muito de negativo para quem é negativo. Uma das negatividades, que pode tornar negativo um positivo pouco acentuado, é esta orgia de se falar de quanta a torto e a direito como se se debitasse ex-cátedra, pronunciando afinal fantasias que nada têm a ver com a teoria dos quanta.

Andam por aí umas tontearias que se podem ler como ameaça – só pode ser ameaça – como é o caso dos anúncios fraudulentos que propõem medicina quântica, pasme-se. E pasme-se ainda mais porque há quem acredite.

Mas o que eu mais deploro é ter de ser polido com os amigos que me vêm falar de quanta. Eu peço-lhes encarecidamente: não me falem disso nem do Pai Natal. O Pai Natal porque não existe e a Física Quanta porque não é o que julgam ser.

A Física Quântica é um ramo da Física Teórica que começou a ser formulada a partir de 1900 com Max Plank, desenvolvida a partir de 1913 por Niels Bohr, Heisenberg, em 1927, com o princípio da incerteza e atingido o seu apogeu formal a partir dos finais da II Guerra.

Nasce este ramo porquê?

Porque a Física Clássica (ou newtoniana) não respondia correctamente à mecânica do infinitamente pequeno. O grande culpado foi Joseph H. Thomson, que em1804 revelou teoricamente a estrutura do átomo. Assim, para explicar o que Newton não pôde, surge a Teoria da Relatividade e a Física Quântica (ou Mecânica Quântica).

A Relatividade serve-nos para descrever a física de objectos muito maciços e de alta velocidade e a Mecânica Quântica os comportamentos atómicos e subatómicos.

As grandes novidades na Física Quântica foram tornar indistinguível os conceitos de onda e de partícula e substituir as «certezas» pelas probabilidades.

Portanto, meus amigos, deixem esse vício de esgrimir fantasias quânticas. Isso é lixo da NET.

A Mecânica Quântica nada tem a ver com misticismo, ocultismo, chinelo de trança, Ovnis, Mestres Ascensionados, Jesus de Nazaré, Buda, formiga de asa, etc. Quem achar que tem, a Casa Amarela, na Avenida do Brasil, em Lisboa, tem receita para isso.

Desculpem, mas estou farto de Quanta. Que enjoo!

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

TODOS OS FINS SÃO PRINCÍPIOS

Há dias, discutia-se por aqui o quanto o Ocidente pode ensinar os povos que não são Ocidente, mas ninguém estabeleceu os limites e as características da coisa. Talvez os crentes nessa coisa que não caracterizam pensem na Europa, mas não se perguntam o que é a Europa. Pensam na Albânia, no Kosovo? Em que será que pensam?

Pelo meu lado, para simplificar geografias, diria que a Europa vai de S. Francisco a Vladivostoque e a sua identificação faz-se pela herança recebida do Império Romano, que por sua vez comportava o helenismo que nele se dissolvera, e se converteu a uma crença totalitária semítica, em desfavor do paganismo, plural por natureza.

O Império Europeu, tal como o império que o gerou, também tem o Oriente e o Ocidente, e, neste caso, o Ocidente tem sede nos USA e o Oriente na UE.

Eis que se torna descabido falar do Ocidente a ensinar outros povos que o não sejam. Já agora, a talhe de foice, é bom que se diga que aprender é sempre possível, ensinar, uma impossibilidade. É por isso que um verdadeiro mestre não ensina, estimula e provoca

Certamente que a efabulação do que seja o Ocidente se esquece de que há outras culturas, bem mais antigas do que a ideia de Europa, provavelmente bastante desagradáveis para nós, mas que esperam a sua vez imperial, como é o caso da China.

A China desenvolveu um «perfeito» e poderoso sistema capitalista, capaz de superar as crises típicas do sistema dito liberal e vai reciclar os estragos da nossa decadência e vilania. Não vai aprender connosco, vai apenas desprezar os conceitos que esgrimimos com a hipocrisia que nos caracteriza. Que caracteriza a cultura judaico-cristã, nosso veneno genético.