ESTRELA NEGRA A PAIRAR
Lary Lachman, no seu recente livro com
o título em epígrafe, entre muitos pressupostos envolvendo o «Pensamento Novo» –
na literatura popularizada é dito novo pensamento –, a Teoria do Cos, o realismo
fantástico e o milenarismo, recorre também a Jung e às suas teorias da sincronicidade
e dos arquétipos, e aqui sou particularmente tocado, pois é a partir destes
aportes Junguianos que tenho desenvolvido a ideia de que os grandes ditadores, com
relevo sobretudo para os carismáticos, são invocações das massas populares.
Neste referido caldo, Lachman fala-nos
da materialização das formas-pensamento que são conhecidas nos meios esotéricos
como egrégoras, assunto este largamente explanado por Blavatsky e de leitura um
pouco mais incisiva ainda em Dion Fortune, que nos falou como essas formas-pensamento
podem ser usadas para ataques psíquicos (e mesmo físicos).
Estes elementais, a que a mentalista e
viajante Alexandra David-Neel chama tulpas, podem apossar-se do seu próprio
criador e, por maioria de razão, daquele que se quer usar.
Lachman, mais inclinado para a
possibilidade de serem os ditadores, consciente ou inconscientemente, a criarem
os seus tulpas, que deles logo se apoderam, a páginas tantas interroga-se assim:
«Será o próprio Trump um tulpa ou egrégora,
gerado pela sua base de apoio?»
A minha resposta é que é essa a minha
convicção, seja o Trump, seja o Estaline ou o Hitler., salvas as devidas
proporções, evidentemente.
Há muito tempo que eu me debruço sobre
esta capacidade psíquica e desenvolvi a ideia de os líderes – não confundir com
capatazes e vulgares tiranetes –, para o bem e para o mal serem o resultado dos
desejos dos seus seguidores e apoiantes. Os tiranetes limitam-se a tirar
vantagem da cobardia e espírito gregário dos que se submetem; os líderes
carismáticos, os grandes ditadores são fruto da invocação das massas, são tulpas
poderosos construídos sobretudo pelo pior que há nas massas, e a energia mais
eficaz para a edificação de um tulpa é a dos instintos primários dos seres
humanos.
Pergunta-se, não haverá tulpas
benevolentes criados pelas massas?
Em teoria, sim. Pensemos na egrégora Jesus,
criada pelos crentes visando a protecção e o amparo de todos e de cada um, mas
chegado a um certo nível energético tornar-se–á autónomo, mas não tão autónomo
que não possa assimilar o ódio dos seus criadores, como aconteceu em épocas
negras. Como os invocadores se dividem, a egrégora passa a ser multifacetada,
plural, enfraquecendo. A parte mais animalesca das massas tem um poder de
invocação maior do que a mais evoluída e a apatia da maioria facilita o
trabalho nefasto das forças ctónicas.