segunda-feira, 15 de março de 2021

 

ESTRELA NEGRA A PAIRAR

 

Lary Lachman, no seu recente livro com o título em epígrafe, entre muitos pressupostos envolvendo o «Pensamento Novo» – na literatura popularizada é dito novo pensamento –, a Teoria do Cos, o realismo fantástico e o milenarismo, recorre também a Jung e às suas teorias da sincronicidade e dos arquétipos, e aqui sou particularmente tocado, pois é a partir destes aportes Junguianos que tenho desenvolvido a ideia de que os grandes ditadores, com relevo sobretudo para os carismáticos, são invocações das massas populares.

Neste referido caldo, Lachman fala-nos da materialização das formas-pensamento que são conhecidas nos meios esotéricos como egrégoras, assunto este largamente explanado por Blavatsky e de leitura um pouco mais incisiva ainda em Dion Fortune, que nos falou como essas formas-pensamento podem ser usadas para ataques psíquicos (e mesmo físicos).

Estes elementais, a que a mentalista e viajante Alexandra David-Neel chama tulpas, podem apossar-se do seu próprio criador e, por maioria de razão, daquele que se quer usar.

Lachman, mais inclinado para a possibilidade de serem os ditadores, consciente ou inconscientemente, a criarem os seus tulpas, que deles logo se apoderam, a páginas tantas interroga-se assim:

«Será o próprio Trump um tulpa ou egrégora, gerado pela sua base de apoio?»

A minha resposta é que é essa a minha convicção, seja o Trump, seja o Estaline ou o Hitler., salvas as devidas proporções, evidentemente.

Há muito tempo que eu me debruço sobre esta capacidade psíquica e desenvolvi a ideia de os líderes – não confundir com capatazes e vulgares tiranetes –, para o bem e para o mal serem o resultado dos desejos dos seus seguidores e apoiantes. Os tiranetes limitam-se a tirar vantagem da cobardia e espírito gregário dos que se submetem; os líderes carismáticos, os grandes ditadores são fruto da invocação das massas, são tulpas poderosos construídos sobretudo pelo pior que há nas massas, e a energia mais eficaz para a edificação de um tulpa é a dos instintos primários dos seres humanos.

Pergunta-se, não haverá tulpas benevolentes criados pelas massas?

Em teoria, sim. Pensemos na egrégora Jesus, criada pelos crentes visando a protecção e o amparo de todos e de cada um, mas chegado a um certo nível energético tornar-se–á autónomo, mas não tão autónomo que não possa assimilar o ódio dos seus criadores, como aconteceu em épocas negras. Como os invocadores se dividem, a egrégora passa a ser multifacetada, plural, enfraquecendo. A parte mais animalesca das massas tem um poder de invocação maior do que a mais evoluída e a apatia da maioria facilita o trabalho nefasto das forças ctónicas.