sexta-feira, 29 de junho de 2018

A HISTÓRIA DO MEALHEIRO

Como diz qualquer pantomineiro virado ao sabichola, foi na Grécia antiga que nasceu a coisa mais linda de andar ao colo: a democracia.

Ora, um belo dia, o filósofo sapientíssimo Papadopulos – e desculpem se vai mal escrito, que eu com estas ortografias vejo-me grego – caminhava em Atenas com uma ideia fixa. Levava um saco de dinheiro, dirigiu-se a um tabelião e disse:

– Quero comprar aquela terra assim-assim.

– Ó Papadopulos, estás equivocado, tu não podes comprar terras, só o teu dono o pode fazer…

Expliquemo-nos: o filósofo era escravo. Mas atenção, era muito bem tratado, o dono achava-lhe piada, gostava de o ouvir a dizer aquelas coisas extravagantes, vestia-o com roupas vistosas, deixava-o andar de passeio e até lhe dava uns trocados, que ele, poupadinho, não gastava.

Como é evidente, naquele tempo, era melhor ser um escravo palrador do que laborador.

O tabelião era uma pessoa muito paciente e gostava de ensinar coisas práticas, que os filósofos não entendiam bem. Todavia, que fique claro, Papadopulos orgulhava-se de pregar as virtudes da democracia por todas as ruas de Atenas e por todas as casas senhoriais. Mas, o tabelião era um homem muito pragmático, e por isso dizia:

– Ó Papadopulos, um escravo é uma coisa, e uma coisa não compra coisas. A única coisa que pode ter coisas é o mealheiro.