segunda-feira, 7 de maio de 2012

O CONDICIONADOR DE IDEIAS

Vendas Novas, 07 de Maio de 2012

HÁ MUITO que a TQT – leia-se televisão que temos – impôs aos seus dependentes um leque de condicionadores de opinião, sempre os mesmos e há um ror de anos, que penduram nas pantalhas os recados mais urgentes dos partidos onde militam. Alguns negam ser militantes desses tais partidos, que melhor seria chamar agências de emprego para os filiados e de desemprego para os profanos, e esganiçam-se a reivindicar uma independência que só convence os tolos.

A grande maioria, como é óbvio, constitui-se em câmara de eco da coligação ultraliberal que governa o nosso país, por procuração alemã.

Alguns destes cicerones, tendo exercido cargos governamentais e, inclusive, de direção partidária têm o enorme desplante e nenhum pudor de se apresentarem como comentadores insípidos, incolores e inodoros, como se diria da água pura. Mas, bebam-lhes as palavras, e vejam a disenteria que apanham.

Como já estamos habituados a este venenoso ruido e bem sabemos que não vale a pena mudar de estação, fechamos os ouvidos quanto podemos e murmuramos inconveniências entre dentes quando não podemos deixar de ouvir.

Hábito é hábito. O que não era habitual era brindarem-nos com «comentadores» (?) com procuração voluntária desta ou daquela empresa em particular. Havia uma pequena réstia de pudor, que há dias vimos lançada às urtigas. Passou-se naquele desnecessário trio das quartas da Joana, Rangel e Cristina Azevedo. Então não é que esta última quase entrou em apoplexia na defesa do seu empresário de mercearias finas e grossas, o seu merceeiro de estimação pela bondosa instituição do dia nacional do consumidor?

O Sócrates parece que estava certo quando entendia que o dinheiro do homem não é proporcional à sua educação e boas maneiras. Aqui para nós, já que ele não nos houve, visto estar na Holanda em patriótica missão de poupar nos impostos, podemos acrescentar que os seus milhões também não têm correspondência com o respeito pelos outros nem com a sensibilidade social.

Andou armado em moralista, quis dar-nos lições de patriotismo e é o que se vê!

Pode a dona Cristina esgatanhar-se a defender a benemerência deste senhor que voou para a Holanda e que de seguida poderá voar para a China, tornando-se num holandês voador que o que nos fica na memória é o sinal do grande desprezo que nutre pelos despidos de poder. Tal gente com o rei na barriga empanturra-se disto e nem com indigestão nos larga a lapela.

E a TQT amplia-lhe a negra operação de marketing e esconde com este lixo que as centrais sindicais comemoraram de forma assaz significativa, apesar do medo e da crise, o dia do trabalhador

Ai Pavlov, Pavlov!