Os monarcas Pedro e Maximiliano são praticamente
contemporâneos: o imperador mexicano nasceu em 1832 e morreu em 1867; o rei
português, outorgante da carta constitucional da monarquia portuguesa de 1826,
nasceu em 1798 e morreu em 1834.
Imediatamente a seguir à morte de D. Pedro IV, a Câmara dos Pares
aprovou uma proposta de o homenagear com a construção de um monumento.
Entretanto, em 1836, o Rossio mudou de nome, passando a chamar-se Praça D.
Pedro IV e a cidade de Lisboa viu-se perante três modelos de monumento, o mais
deslumbrante dos quais previa a construção de uma pirâmide onde seria alojada a
urna do rei, mas que não foi aprovado nem construído. Veio a ser aprovado um
projecto e iniciada a construção de algo que o povo baptizou de «galheteiro»,
coisa tão contestada que acabou demolida em 1864.
Fez-se então um concurso internacional e, das dezenas de
propostas recebidas, o júri optou por uma estátua a encimar uma coluna e a
equipa francesa dos artistas Rodert e Davioud foi a escolhida, É aqui que vai
começar a lenda – ou história verdadeira, quem sabe – porque estes artistas
tinham ganho um concurso para coisa semelhante para o Maximiano, estando a
estátua de bronze deste praticamente acabada. Ora, acontece que a monarquia
mexicana é derrubada violentamente e Maximiliano é fuzilado em 1867. Seria um
desastre económico para o atelier francês, mas certamente os artistas conheciam
o provérbio português de que é no aproveitar é que está o ganho, e assim, ao
que parece, com uns pequenos retoques Maximiliano Tornou-se Pedro IV. E pronto,
em 1870 inaugura-se, debaixo de muita polémica, a estátua que ainda hoje está
no mesmo sítio. O mais inconformado com o monumento Eça de Queiroz, escreveu: «Essa
colossal vela de estearina, cujo pavio é o dador da carta».
Verdade? Ou isto foi na época uma teoria da conspiração à
portuguesa?