sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

PEDRO V.S. MAXIMILIANO

 

Os monarcas Pedro e Maximiliano são praticamente contemporâneos: o imperador mexicano nasceu em 1832 e morreu em 1867; o rei português, outorgante da carta constitucional da monarquia portuguesa de 1826, nasceu em 1798 e morreu em 1834.

Imediatamente a seguir à morte de D. Pedro IV, a Câmara dos Pares aprovou uma proposta de o homenagear com a construção de um monumento. Entretanto, em 1836, o Rossio mudou de nome, passando a chamar-se Praça D. Pedro IV e a cidade de Lisboa viu-se perante três modelos de monumento, o mais deslumbrante dos quais previa a construção de uma pirâmide onde seria alojada a urna do rei, mas que não foi aprovado nem construído. Veio a ser aprovado um projecto e iniciada a construção de algo que o povo baptizou de «galheteiro», coisa tão contestada que acabou demolida em 1864.

Fez-se então um concurso internacional e, das dezenas de propostas recebidas, o júri optou por uma estátua a encimar uma coluna e a equipa francesa dos artistas Rodert e Davioud foi a escolhida, É aqui que vai começar a lenda – ou história verdadeira, quem sabe – porque estes artistas tinham ganho um concurso para coisa semelhante para o Maximiano, estando a estátua de bronze deste praticamente acabada. Ora, acontece que a monarquia mexicana é derrubada violentamente e Maximiliano é fuzilado em 1867. Seria um desastre económico para o atelier francês, mas certamente os artistas conheciam o provérbio português de que é no aproveitar é que está o ganho, e assim, ao que parece, com uns pequenos retoques Maximiliano Tornou-se Pedro IV. E pronto, em 1870 inaugura-se, debaixo de muita polémica, a estátua que ainda hoje está no mesmo sítio. O mais inconformado com o monumento Eça de Queiroz, escreveu: «Essa colossal vela de estearina, cujo pavio é o dador da carta».

Verdade? Ou isto foi na época uma teoria da conspiração à portuguesa?