terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O SADISMO COMO CORAGEM

Vendas Novas, 06 de Dezembro de 2011

NÃO SEI se têm reparado que os senhores procuradores gerais dos interesses alemães neste nosso desgovernado país em liquidação, que a si próprios se atribuem o título de ministros, andam agora no fantástico e despudorado faz de conta de nacionalismo despropositado, ostentando na lapela uma bandeira portuguesa. Ora, gente que passa o tempo a moer-nos o juízo com os grandes feitos das medidas simbólicas, pode usar símbolos à vontade na lapela que só convence quem quer andar convencido. Depois, que nacionalismo é esse de tais senhores – deve ter sido ordem do Relvas – que os leva a acabar com dois símbolos do mais alto significado nacional: a Restauração da Independência e a Implantação da República?

Também foi simbólico – embora nos escape de quê – terem acabado como os governadores civis!...

Igualmente simbólica era a atitude daquele cavalheiro que andava armado em distribuidor de pizzas, deslocando-se de vespa para o ministério, com o seu capacete à maneira. Mandou o símbolo às urtigas logo que chegou a bomba de estofos aveludados. É a vida, como diria o outro.

Entretanto, todos estes procuradores do nosso descontentamento gritam aos sete ventos a enorme coragem que têm por irem aos bolsos dos pobres e dos impotentes.

Coragem, ou sadismo?

Sadismo bem patente no esbulho do subsídio de Natal, quando, sem violar as ordens recebidas da comissão liquidatária que dá pela alcunha de troica, tinham folga suficiente para não cometerem mais esta iniquidade. Coragem seria meterem-se com os mais crescidos. Cá para mim, não o fazem porque receiam ser despedidos.

Neste momento, convém que se diga, para evitar confusões, que falei acima de nacionalismo para usar a nomenclatura mais em uso pelos saudosistas do pau nas costas. Eu defendo o patriotismo e repudio o nacionalismo. Qual a diferença? No nacionalismo diz-se: nós somos gente, quem não for como nós não é gente; no patriotismo diz-se: gostamos tanto do nosso sítio que adoramos mostrá-lo aos outros e recebê-los na nossa casa…

Os alemães, que são um conjunto de tribos guerreiras e rapaces, não são patriotas, são nacionalistas, estão apostados – como sempre estiveram ao longo da História – em submeter os vizinhos de toda a Europa aos seus interesses. Usam agora o Euro como há bem pouco tempo usaram os Panzerkampfwagen, isto é, as divisões Panzer.

ABDUL CADRE

In Jornal do Barreiro

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