Vendas Novas, 7 de Agosto de 2012
NÃO ME DÁ qualquer satisfação pessoal ver tanta gente a entrar agora no meu clube, dado que quando me dão razão fico invariavelmente desconfiado, suspeito que me enganei.
O clube que refiro é o daqueles que sempre disseram que não deveríamos ter aderido à UE e muito menos suicidarmo-nos com a moeda única, que é este marco travestido de euro. Um pobre nunca deve associar-se com um rico: vai ter as mesmas despesas e nunca comungará dos lucros.
Não é a primeira vez que a Alemanha se apropria da Europa. Há bem pouco tempo, veio de tanque de guerra, causou milhões de mortos, deixou ruinas por todo o lado e teve de ser empurrada com violência para as suas fronteiras…
Neste momento, vem de banco e os seus exércitos são comandados por generais das finanças que há muito asseguraram as chaves das cidades através da nunca extinta «quinta coluna». Talvez não se morra de tiro, prevê-se que seja de fome. O resultado será o mesmo e as ruinas inevitáveis, mesmo que os prédios não se desmoronem.
Já há dirigentes europeus – nomeadamente o italiano – que falam de um confronto norte-sul. Já mais do que uma vez eu disse neste espaço que o desmembramento da UE é inevitável, havendo dois modelos possíveis: simples e civilizado divórcio ou acontecer à Balcãs. A Jugoslávia foi uma miniatura, um prenúncio.
A tendência imperial germânica é uma doença descrita em milhares de páginas da História. Quem se quiser lembrar da herança de Carlos Magno (século IX) que foi o Heiliges Römisches Reich, que a partir do século XVI passou a designar-se como Sacro Império Romano da Nação Germânica e cujo último imperador (Francisco II) foi desmontado por Napoleão, que lhe disse delicadamente: vá lá brincar às germanizes para a sua terra, só poderá admirar-se com o facto desta UE não se chamar Império da Nação Germânica, naturalmente sem o sacro e sem o romano.
Tivéssemos nós dirigentes patrióticos e estar-se-ia já a tratar da saída organizada do mau negócio em que nos meteram. Se ficarmos à espera da grande implosão é melhor que nos lembremos da rocha, do mar e do mexilhão.
E não se assustem com o que dizem os quintacolunistas, que sair do euro seria um blá-blá-blá.
Não somos um país pobre – isso é mentira – somos um país de pobres, que é coisa bem diferente. Melhor seria dizer espoliados.
O nosso azar foi a falta de um cataclismo que nos proporcionasse cumprir o nosso destino atlântico de Jangada de Pedra, mediadores dos três continentes: África, América e Europa. Isto só seria possível exportando – expulsando e desnaturalizando – para o Império Germânico a nossa «elite» (?) política que, formada na colagem de cartazes e doutorada com diplomas saídos na Farinha Amparo, que se pendurou, servindo-se da nossa passividade, nos tronos com que exerce o seu diabólico ofício.
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