Vendas Novas, 16 de Julho de 2012
CHAPÉUS há muitos, dizia o «Gordo», não aquele sem graça nenhuma e ar de vendedor de cobertores na Feira de Carcavelos, que faz «serviço público» na televisão que os portugueses pagam, mas o outro, que, sendo muito gordo, tinha mais graça do que gordura, o Vasco, o Vasquinho, o Santana.
Com pouco graça, mas bastante a propósito, dizia o Jerónimo que canudos há muitos. É bem verdade. Por alturas do PREC de esquerda, havia as passagens administrativas; findo o processo e no espaço em que se desenvolveram as condições para o atual PREC, nasceram como cogumelos os aviários universitários onde os carreiristas políticos se lambuzaram até fartar. Não foi apenas o Relvas, essa figura sinistra do pós-modernismo salazarengo, que conseguiu de viés atestado de ter o que nunca obteve; ele não tem qualquer licenciatura, mas sim um papel carimbado que lhe saiu na Farinha Amparo. Há mais destas aves tipo cuco, mas creio que é impossível haver outra de aproximado coturno sequer, salvo seja. Relvas é o paradigma.
Pois bem, aquele que inventou Passos Coelho e que até há pouco mandava no governo e em todos os processos conspirativos do mesmo e do principal partido que beneficiou do voto popular, está em processo cadavérico adiantado, mas tem algumas figuras que tortuosamente o seguram, defendem e louvam. Uma das mais execrandas é um antigo «comentador» (?) televisivo, de nome Amorim, que há um ano atrás berrava dependurado da pantalha: «eu sinto vergonha de ter Sócrates como primeiro-ministro do meu país» …
Pela mesma bizarrice anda um certo Relvas em tirocínio – digo um certo Relvas porque é daquela massa que os Relvas se fazem – pois, chefiando a claque dos super-laranjas, acha que o Relvas nada fez de reprovável, que quem tem culpa do que corre contra o mesmo é o Mariano Gago (!). Vergonha e razão para se demitir seria se o mesmo tivesse feito o que o Sócrates fez. Ah! Valente, que ainda te hei-de ver em ministro de estado.
As juventudes partidárias são muito parecidas com as claques ditas desportivas. Nelas se cultiva a rasteira, a tramoia, o louvor asinino do chefe, o impropério, a diabolização da cor contrária, o relativismo moral, etc.
Não são escolas de virtudes, são escolas de vício e não podem ser outra coisa; a natureza não permite.
Depois de aprenderem a colar cartazes, conspirarem e trocarem influências e favores – e é de pequenino que se torce o pepino – os carreiristas que sejam espertos (mesmo que não sejam inteligentes) têm o mundo a seus pés com o beneplácito popular.
Devo desculpar aqui o apoio que Passos dá a Relvas. Penso até que não existem duas pessoas distintas nesta aparente dupla, haverá sim desdobramento de personalidade: Relvas faz o que Passos não deve, uma espécie de Dr. Jekyll e Mr. Hyde.
Mas sabem que mais? Neste momento até tenho pena do Relvas. Já viram o que lhe vai acontecer quando abandonar o pote, usando a nomenclatura do Dr. Passos? Entra num café, num banco, numa estação de correios e vê sorrisos maldosos, gente que cochicha, mesmo que não haja gente a sorrir ou a cochichar.
Isto vai dar em paranoia.
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