segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O PRINCÍPIO DA ERVA RASTEIRA

 

NO mundo globalizado e por inteiro sopram ventos de arrancar pela raiz tudo quanto parecia seguro, certo e conquistado. Não se querem árvores nem florestas, apenas erva rasteira.

Em Portugal, sob a batuta do antigo grande líder dos laranjinhas, foi montada a grande estratégia de sermos nós os primeiros a chegar ao fundo, de regredirmos até aos anos sessenta, de nos igualarmos aos chineses em horas de trabalho e tigelas de arroz. É a globalização baseada no princípio e nas virtudes da erva rasteira.

Falar em erva faz-nos lembrar os relvados dos campos de futebol. Também nos faz lembrar o Relvas e as suas ânsias, mas fica para outra ocasião; o futebol é menos azedo de tomar.

Os clubes de futebol têm claques e os partidos também. Nos partidos, as principais claques, em termos de chinfrim, inutilidade e grosseria, são as juventudes partidárias. Para mal dos nossos pecados, quer o desgoverno em exercício quer aquele que se encontra na reserva têm como comandantes, timoneiros ou lá o que seja antigos jotinhas dispostos a tentar submeter a realidade aos seus desejos inconsequentes, necessariamente às nossas custas.

Mas há outras claques. As mais perigosas são as que integram os que louvam o poder que está enquanto, saboreando croquetes, esperam e espreitam o poder que se avizinha. Afinal estes opinadores de circunstância não mudam, mesmo que tudo mude. A sua coerência reside em estar sempre do lado de quem manda ou se presume que vá mandar. Agem como domesticadores das massas insatisfeitas, para que estas se conformem e não façam ondas.

Há outras claques, que verdadeiramente não o são, e que se julga serem as mais perigosas: as dos conspiradores. Estes – conluiados ou não – inventam virtudes e defeitos àqueles que querem promover ou despromover. O maior êxito que se lhes conhece no nosso país foi a diabolização do grande culpado de todos os males do mundo, o mafarrico Sócrates que, tal como o outro Sócrates, foi obrigado democraticamente a beber a sua dose de cicuta.

Vendas Novas, 25 de Outubro de 2011

ABDUL CADRE

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