quinta-feira, 11 de outubro de 2018

AINDA A PROPÓSITO DO PARAISO

No viver social, tudo se confina ao destino e à liberdade, que são duas coisas que mutuamente se condicionam; a predominância de uma é a atrofia da outra. A desgraça social vem invariavelmente da submissão do destino de muitos à liberdade de poucos, mas nunca o abuso da liberdade dos poucos sobre os muitos é o mal, este é filho do medo e da rendição das maiorias.

Tudo o que existe de mal no mundo não é culpa dos maus, como muita gente diz, é culpa dos bons, que não fazem o suficiente para o debelar.

Por exemplo, quando a guerra entre o Brasil e a Venezuela se iniciar, os brasileiros não terão nenhuma razão para culpar o Bolsonaro; ele não veio de marte, é o reflexo, é a invocação, é o sentir de uma maioria socialmente doente, é o resultado de uma esquizofrenia colectiva.

É evidente que eu estou a partir do princípio que o Messias do Mal vai ser Presidente do Brasil, embora não seja absolutamente certo que assim seja. Sê-lo-á se o destino prevalecer sobre a liberdade. Então, como presidirá a um país completamente ingovernável, dominado por ódios irredutíveis e cegueira religiosa medieval – e a política é também religiosa – vai ter de continuar a apelar aos eleitores para que lhe dêem carta banca e terá de fazer o que se faz sempre nestas condições: arranjar um forte inimigo externo para catalisar o nacionalismo popular. Quem está mais à mão: a Venezuela. Por outro lado, Maduro também procura afanosamente um inimigo externo para unir as massas e levar pela arreata o exército, antes que este o apeie.

As condições estão reunidas e os dados estão lançados. Os dois Maduros – o do Brasil e o da Venezuela, o de esquerda e o de direita – têm a solução. Salvas as devidas proporções, também foi assim com Hitler e Estaline.

Sejamos optimistas: o número de mortos não será tão grande, grande será o número de arrependidos. Mas, por favor, não peçam desculpa, que as desculpas não se pedem, evitam-se.

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