Desconfiem muito de quem tenha a boca sempre cheia de povo; com a boca cheia, mesmo a sério, não sobraria apetite para o almoço. Assim, sendo o palrador anafado, ficaremos a saber que é um trafulha, ou demagogo, para usar o eufemismo que muito por aí ecoa. Pode bem ser, até, que o tal quem seja romano, daqueles que tinham um pauzinho para provocar o vómito; vomitava o povo e servia-se do lagostim.
Mas povo? O que é povo? O Pinto Balsemão? O trolha que, perdido de bêbedo, espanca a mulher, ou o violador de criancinhas?
Povo é uma figura de retórica muito usada pelos caçadores de votos e pelas suas almas gémeas, os facebookistas que, para provarem que estrão vivos, carregam os políticos com os pecados que eles próprios têm.
– Quem diz é que é, quem diz é que é – gritam os putos na escola.
Eu sei que há políticos que merecem os mais feios epítetos, mas também sei que a maioria os não merece.
Pode bem ser que me equivoque, mas é minha convicção que todos os facebookistas azedos que acusam os políticos, generalizando, são, sem excepção – porque azedo é assim – o que uns políticos são, mas não são o que a maioria deles é.
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