terça-feira, 16 de agosto de 2016

DETESTO SENTIR-ME CANSADO

Vendas Novas, 16 AGO 2016

Detesto sentir-me cansado. Quando era jovem julgava que aqueles que se diziam cansados eram piegas ou mandriões. Hoje o corpo já me pesa, mas resolvo a coisa com uma boa soneca, o chamado ioga ibérico. Mas o pior é um outro tipo de cansaço, o cansaço de ver os jovens curvados (como se fossem velhos) à caça dos gambozinos, isto é, dos pokemons. Também me cansa a mentalidade inquisitorial que se está a instalar no mundo; petições por tudo e por nada: para impedir, para calar para proibir. Que saudades - que apenas deveria ter do futuro - quando nos muros de Paris se escrevia é proibido proibir. Outros tempos. Tempos de gente viva. Olho pela janela e entendo Fernando Pessoa no remoque aos cadáveres adiados que procriam. Aliás, já nem por isso.

ABDUL CADRE

Sem comentários:

Enviar um comentário