Neste treinamento neurónico, constituinte da almofada de penas de aconchegar consciências, neste conjurar de preces para que os militares, em vez de militarices se dediquem à política, substituindo corruptos à civil por corruptos fardados, mas armados até aos dentes, os brasileiros discutem emotivamente, dada a falta de espaço para a razão, coisas de esquerda e de direita, sem que digam se vêem a coisa do lado de quem sai ou do lado de quem entra.
Não se iludam, porque a factura da ilusão é sempre a desilusão. E creiam: o Pai Natal não existe, e os gambozinos também não.
A desonestidade não tem cor.
Quem faz o ladrão é a ocasião.
Se as instituições não têm os mecanismos preventivos adequados e suficientes, o roubo torna-se inevitável. Nos países onde cortam mãos, os ladrões vêem-se obrigados a roubar com os pés. O grande problema, nos países ditos democráticos, é que o povo chama ladrão aos ladrões de quem não gosta para ir a correr votar nos ladrões que ama.
O pecado dos vociferantes é que não vociferam contra o roubo, não se escandalizam com o rouba, vociferam contra quem rouba e contra quem imaginam que rouba, mesmo que o não faça.
Há aqui uma grande componente de inveja, não há?
Nos países sufragistas, a corrupção nas altas esferas do estado não pode acabar enquanto os eleitores votarem por identificação.
Leiam os textos políticos de Fernando Pessoa. Está lá tudo.
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