quinta-feira, 22 de março de 2018

DO LADO DE QUEM SAI, OU DO LADO DE QUEM ENTRA?

Neste treinamento neurónico, constituinte da almofada de penas de aconchegar consciências, neste conjurar de preces para que os militares, em vez de militarices se dediquem à política, substituindo corruptos à civil por corruptos fardados, mas armados até aos dentes, os brasileiros discutem emotivamente, dada a falta de espaço para a razão, coisas de esquerda e de direita, sem que digam se vêem a coisa do lado de quem sai ou do lado de quem entra.

Não se iludam, porque a factura da ilusão é sempre a desilusão. E creiam: o Pai Natal não existe, e os gambozinos também não.

A desonestidade não tem cor.

Quem faz o ladrão é a ocasião.

Se as instituições não têm os mecanismos preventivos adequados e suficientes, o roubo torna-se inevitável. Nos países onde cortam mãos, os ladrões vêem-se obrigados a roubar com os pés. O grande problema, nos países ditos democráticos, é que o povo chama ladrão aos ladrões de quem não gosta para ir a correr votar nos ladrões que ama.

O pecado dos vociferantes é que não vociferam contra o roubo, não se escandalizam com o rouba, vociferam contra quem rouba e contra quem imaginam que rouba, mesmo que o não faça.

Há aqui uma grande componente de inveja, não há?

Nos países sufragistas, a corrupção nas altas esferas do estado não pode acabar enquanto os eleitores votarem por identificação.

Leiam os textos políticos de Fernando Pessoa. Está lá tudo.

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