sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

A IMPOSSIBILIDADE DE SER CONSERVADOR

Seja da lata, seja da sardinha, a grande verdade é que nada se conserva, porque a lei do mundo é mudança.

Dirá o conservador que sabe perfeitamente que tudo muda, mas o que ele quer é que seja como diz o alentejano: devagar, devagarinho e parado. Tudo sossegadamente e sem dor, que é o que se pede ao dentista.

No Ocidente, querem os conservadores que a tradição – nome que dão ao que querem conservar – tem como matriz o cristianismo, o que significa que não perceberam, ou não querem perceber, ou percebendo escondem, para que não se fale nisso, que o cristianismo foi uma revolução, e revolução é algo de maldito no discurso conservador. Escamoteia-se também que todas as instituições que juram querer conservar se implantaram por revolução – A Revolução Francesa – onde tanta gente perdeu a cabeça (em sentido próprio), até um Monsieur Guillotin, que era médico em Lyon, e muitos confundem com Monsieur Joseph-Ignace Guillotin, também médico, mas em Paris, proponente da famosa máquina de cortar cabeças, que ficou com o seu nome, mas não cortou a sua preciosa cabecinha pensadora.

Pessoa, que foi o exemplo concreto do conservadorismo inglês, dizia que uma revolução é «um modo violento de deixar tudo na mesma».

Acho que se enganou: quem perde a cabeça já não a recupera.

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