sábado, 25 de janeiro de 2020

DA FRADULÊNCIA COMO ARTE, DA DECADÊNCIA COMO ESTADO DE ESPÍRITO

Michael Craig-Martin é um irlandês espertalhão que é na arte das pseudo-esculturas normais o que a Joana Vasconceles é nas descomunais; se tivesse optado pela literatura-lixo, poderia facilmente fazer de Dan Brown, ultrapassando-o, um escritor que passaria por decente e sério. Os textos com que faz acompanhar as suas pseudo-esculturas são de ir às lágrimas.
A mais famosa – se assim se pode dizer – das suas obradas é uma aberração que tem por título O CARVALHO, que foi exposta pela primeira vez em Londres, em 1974.
Nós, simples mortais sem sensibilidade para “aldrabices admiráveis”, olhamos a coisa e não conseguimos ver mais do que lá está, um copo de vidro com água até dois terços sobre uma prateleira de vidro, vulgar em muitas casas de banho de gente comum. O autor justifica o título com um diálogo imaginário que acompanha a idiotice que, para não nos alongarmos, deixamos um resumo: A peça chama-se assim porque «porque eu fiz foi transformar um copo de água em um carvalho sem alterar os acidentes do copo de água… … cor, sensação, peso, tamanho … … não é um símbolo, eu mudei a substância física do copo de água para a do carvalho .. .. eu não alterei a aparência. Mas não é um copo de água, é um carvalho… Não é mais um copo de água. Eu alterei a sua substância… Podem chamar-lhe de qualquer coisa, mas isso não altera o facto de que seja um carvalho»
Não, o homem não foi internado, foi louvado, é até Sir.
São os artistas, mesmo que o não sejam, mesmo que sejam uma fraude, ou precisamente por isto, as primeiras testemunhas do tempo, seja quando apodrece, seja quando floresce. Os sinais mais fortes da decadência da arte quando o tempo apodrece, em simetria com a decadência geral da sociedade, não vêm todavia dos artistas, vêm da sua aceitação pelo público e do louvor dos especialistas entronizados que promovem lixo a coisa de comer e chorar por mais.
Podemos rir por haver quem chame arte a uma banana colada na parede. Podemos. Os macacos também riem, quando lhes dão bananas, mas não as colam na parede.
Mas o nosso destino não é a macacada. Ou é?





PS
As imagens foram obtidas na Wikipédia











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