sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

NÃO QUERO ANTOLHOS

Dizia eu que em muitos campos, seja na arte, na política, na caça aos gambozinos, a crença a poluir o conhecimento é o pão nosso de cada dia.

Vejamos na Arte. Marcel Duchamp, artista plástico Dadá, em 1912 submeteu ao Salão dos Independentes de Paris, que era dominado pelos cubistas, uma sua pintura intitulada «Nu Descendo uma Escada – 2». Os organizadores, entendendo que a obra não se enquadrava no cubismo, pediram-lhe para retirar o quadro, o que naturalmente muito o incomodou. Como a vingança se serve fria, em 1917, em Nova Iorque, vingou-se. Depois de um almoço bem regado, na companhia dos seus amigos Joseph Stella (pintor americano) e do coleccionador Walter Arensberg, deslocou-se a uma empresa de produtos para canalizações e lavabos, de nome JL Mott Iron Works e comprou um urinol. Levou-o para o estúdio e apôs-lhe uma assinatura: «R. Mutt 1917».

Bom, aquela assinatura não era muito imaginativa, derivava do próprio nome da empresa fornecedora: Mutt veio de Mott Works, e isso mesmo disse mais tarde o “artista”, quando desfez o mistério do pseudónimo…

Resumindo: o urinol. baptizado de Fonte, foi apresentado como arte na exposição desse ano da Associação dos Artistas Independentes de Nova Iorque, e ninguém duvidou que aquilo fosse arte. É como por cá, com a Joana Vasoncelos, que também faz disto, mas em maior, usando ferros de engomar, tachos e preservativos.

Saibamos então que a Fonte, que segundo o seu autor visava desmistificar a arte moderna, depressa mereceu os maiores encómios dos críticos, alguns, mais atrevidos e relaxados, chamaram-lhe a maior obra de arte do século 20.

Dirão agora muitos dos meus amigos: que horror! Como é possível?

E eu pergunto: como é possível tomar a Bíblia como um livro de História, chamar mãe de Deus à presumida mãe de Jesus (que nem sequer sabemos se teve existência real), propagandear curas quânticas, vender gato por lebre?

A crença é para a mente um veneno terrível

O agente Mulder tinha na janela do seu apartamento um cartaz que dizia: «quero acreditar».

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